Você sabia que a agricultura de subsistência é responsável por alimentar cerca de 70% da população mundial?
Esse número é impressionante, considerando que a agricultura de subsistência é uma forma de produção agrícola que utiliza métodos tradicionais e é realizada, geralmente, em pequenas propriedades rurais.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ela também é responsável por gerar empregos para cerca de 4,4 milhões de famílias.
A prática é essencial para a segurança alimentar, principalmente em países em desenvolvimento. Além disso, ainda possui um papel importante na preservação do meio ambiente.
Sabendo disso, neste artigo, vamos explorar o que é a agricultura de subsistência, como ela funciona e qual é sua importância.
O que é agricultura de subsistência?
A agricultura de subsistência é uma forma de produção agrícola que tem como objetivo principal a produção de alimentos para garantir a sobrevivência do agricultor, de sua família e da comunidade em que está inserido.
A atividade se diferencia de outros tipos, como a agricultura comercial, por vários aspectos. A agricultura comercial é realizada com o objetivo de gerar lucro, enquanto a de subsistência têm o intuito de garantir a sobrevivência.
Enquanto a agricultura comercial ainda utiliza métodos modernos e tecnologias avançadas, a de subsistência utiliza mantém os tradicionais e tecnologias simples.
Nesse tipo de agricultura, o produtor tende a plantar culturas e criar animais para atender às necessidades básicas de alimentação, vestuário e habitação de suas famílias ou comunidades locais.
Qual a diferença entre agricultura de subsistência e agricultura familiar?
Embora estejam interligados por vários fatores, a agricultura de subsistência e a familiar possuem conceitos diferentes.
Já sabemos que o principal objetivo da produção de subsistência é produzir alimentos para atender às necessidades básicas da própria família ou comunidade.
No entanto, a agricultura familiar se refere à estrutura de propriedade e gestão de uma fazenda, na qual a propriedade e o trabalho são realizados por uma família.
Embora muitas fazendas familiares pratiquem a agricultura de subsistência, elas podem, em alguns casos, também produzir excedentes para venda no mercado.
Geralmente a agricultura de subsistência é de pequena escala, o que difere da familiar, já que ela abrange uma ampla gama de tamanhos de propriedades e pode ser tanto de pequena quanto de média ou grande escala.
Como funciona a agricultura de subsistência?
Os produtores utilizam ferramentas manuais e técnicas simples para produzir uma variedade de alimentos, como arroz, feijão, milho, mandioca, batata, frutas, hortaliças, entre outros.
O excedente da produção é vendido ou trocado por outros produtos, como roupas, ferramentas, medicamentos etc. A agricultura de subsistência também pode ser utilizada para a produção de fibras, como algodão e sisal, ou para a criação de animais.
Geralmente é praticada por comunidade tradicionais, que têm seus próprios sistemas de valores e crenças. São produtores com um forte senso de comunidade e trabalham juntos para ajudar uns aos outros.
Com isso, as principais características dessa atividade são:
Tamanho das propriedades
As propriedades agrícolas envolvidas na agricultura de subsistência são frequentemente pequenas e de tamanho limitado. Elas podem variar desde pequenos terrenos até parcelas maiores, mas a produção é dimensionada de acordo com as necessidades locais.
Mão de obra familiar
A mão de obra é geralmente fornecida pela própria família que possui a terra. Os membros da família desempenham papéis fundamentais em todas as etapas do processo agrícola, desde o plantio até a colheita e o cuidado com os animais, se aplicável.
Diversificação de culturas
Para evitar riscos, muitos produtores diversificam suas culturas, cultivando uma variedade de alimentos para garantir a segurança alimentar. Isso também ajuda a proteger contra a perda total da colheita devido a condições climáticas adversas.
Papel cultural e comunitário
A agricultura de subsistência frequentemente desempenha um papel central na cultura e na comunidade. Ela está ligada a tradições locais e práticas que têm um significado cultural profundo.
Menos ênfase na comercialização
Em comparação com a agricultura comercial, a agricultura de subsistência tem menos ênfase na produção de excedentes para venda no mercado. O foco principal é a autossuficiência.
Qual a importância da agricultura subsistência?
A agricultura de subsistência continua a ser uma forma de agricultura importante para milhões de pessoas em todo o mundo.
É importante apoiar os produtores e garantir que eles tenham acesso aos recursos necessários para continuar a produzir alimentos para suas famílias e comunidades.
Além disso, ela é muito importante para:
Sustentabilidade
Muitas práticas de agricultura de subsistência são adaptadas ao ambiente local e baseadas em técnicas tradicionais que podem ser mais sustentáveis a longo prazo.
Isso inclui a diversificação de culturas, a reciclagem de recursos e o uso de métodos de cultivo menos intensivos em recursos.
Preservação da biodiversidade
A agricultura de subsistência frequentemente envolve o cultivo de uma variedade de culturas e variedades locais, o que contribui para a preservação da diversidade genética das plantas.
Por isso, a prática é essencial para a segurança alimentar global, pois diferentes variedades podem ser mais resistentes a pragas, doenças e condições climáticas adversas.
Desenvolvimento rural
Em muitas áreas rurais, a agricultura de subsistência é uma fonte significativa de emprego e sustento. Ela ajuda a manter populações rurais em suas comunidades e a promover o desenvolvimento local.
Adaptação a condições locais
A atividade é frequentemente adaptada às condições locais, o que a torna mais resistente a mudanças ambientais e climáticas. Os produtores geralmente têm grande conhecimento das condições em que operam.
Redução do desperdício de alimentos
Como a produção de alimentos está alinhada com as necessidades locais, a agricultura de subsistência muitas vezes resulta em menos desperdício de alimentos em comparação com sistemas agrícolas que enfatizam a produção em larga escala para o mercado.
Conexão comunidade-família
Esse tipo de agricultura muitas vezes fortalece os laços familiares e comunitários, pois as famílias e vizinhos frequentemente trabalham juntos para plantar, colher e compartilhar alimentos.
Quais os principais desafios da agricultura de subsistência?
A agricultura de subsistência enfrenta vários desafios, que variam de acordo com as condições locais, os recursos disponíveis e a geografia.
Essa prática enfrenta uma série de desafios, que podem ser classificados em quatro categorias:
Desafios econômicos
Geralmente é uma atividade de baixa produtividade, o que dificulta a geração de renda para os agricultores. Além disso, eles têm acesso limitado a insumos agrícolas e serviços de assistência técnica, o que pode reduzir ainda mais a produção.
Desafios sociais
Apresenta alto risco, pois está sujeita a fatores climáticos, econômicos e sociais. Isso pode levar a perdas de safras, dívidas e até mesmo à falência dos agricultores.
Desafios ambientais
Pode causar impactos ambientais negativos, como a degradação do solo, a poluição da água e a perda de biodiversidade.
Desafios políticos
Os produtores geralmente têm pouco poder político, o que dificulta a defesa de seus interesses e a obtenção de apoio governamental.
Além disso, ainda possui desafios específicos:
Falta de acesso à terra
Na maior parte das vezes, é praticada em pequenas propriedades rurais, que estão cada vez mais fragmentadas. Isso dificulta o acesso à terra para os agricultores de subsistência.
Falta de acesso à água
A prática depende da água da chuva para irrigação. Em regiões onde a chuva é escassa, os agricultores enfrentam dificuldades para irrigar suas plantações.
Falta de acesso aos insumos agrícolas
Os produtores normalmente não têm acesso a insumos agrícolas modernos, como sementes selecionadas, fertilizantes e agrotóxicos. Isso pode reduzir a produtividade das plantações.
Mudanças climáticas
As mudanças climáticas estão afetando a agricultura de subsistência, causando alterações nos padrões de chuva e temperatura, o que pode dificultar o cultivo de algumas culturas e aumentar o risco de perdas de safras.
Futuro da agricultura de subsistência no Brasil
O futuro da agricultura de subsistência no Brasil é influenciado por uma série de fatores e tendências. Embora seja difícil prever com precisão o que acontecerá, é possível apontar alguns fatores:
Acesso à tecnologia
Acesso a tecnologias agrícolas, como informações sobre cultivo, métodos de irrigação e práticas de manejo de pragas, pode melhorar a produtividade e a resiliência dos produtores
Programas governamentais e organizações não governamentais podem desempenhar um papel importante nesse aspecto.
Políticas agrícolas
As políticas agrícolas do governo podem afetar a agricultura de subsistência. Políticas que promovem a segurança alimentar, fornecem suporte técnico e recursos, e protegem os direitos dos agricultores são fundamentais.
Urbanização
O aumento da urbanização no Brasil pode ter impactos na agricultura de subsistência. À medida que mais pessoas se mudam para áreas urbanas, a disponibilidade de terras para a agricultura pode diminuir, afetando as práticas agrícolas.
Globalização
A globalização pode criar oportunidades e desafios para a agricultura de subsistência. A comercialização de produtos agrícolas pode fornecer uma fonte de renda adicional, mas também pode aumentar a concorrência e os riscos associados à volatilidade dos preços.
O futuro da agricultura de subsistência no Brasil dependerá de como esses fatores interagem e das ações tomadas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades.
Levando em consideração, a diversidade e tamanho do território brasileiro, é provável que diferentes regiões enfrentem realidades distintas, tornando a adaptação e a inovação essenciais para garantir a sustentabilidade dessa prática agrícola fundamental.
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