Garantir uma boa produtividade para sua lavoura envolve saber protegê-la contra pragas e doenças e é isso que a pulverização agrícola oferece ao produtor.
Para combatê-las com precisão e segurança, é preciso fazer essa pulverização na cultura de acordo com as recomendações técnicas.
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Mas o que é preciso ser avaliado para definir como será feita a pulverização? Quais são as tecnologias disponíveis no mercado para fazer a aplicação dos produtos?
Para te ajudar nisso, elaborei um guia prático com as principais informações sobre a pulverização. Confira:
O que é e como funciona a pulverização agrícola?
Pulverização agrícola é a aplicação de produtos agroquímicos líquidos, como defensivos agrícolas, em pequenas partículas na lavoura. Esse trabalho é feito por meio de equipamentos próprios — os pulverizadores — que fazem a distribuição dos produtos por terra ou via aérea, de forma a garantir a quantidade correta apenas nos locais desejados.
Como os produtos agroquímicos são bastante concentrados, a pulverização ocorre geralmente após a diluição deles em água, normalmente feita em um tanque. O nome dessa mistura de água mais o produto é chamada de calda.
No caso dos defensivos agrícolas, o receituário agronômico — documento com a prescrição do uso dos defensivos agrícolas nas lavouras, feitas por um profissional legalmente habilitado para tal — contam com orientações de como deve ser feito o preparo da calda, assim como outras recomendações quanto pulverização.
Quais são os principais pontos a serem definidos para fazer a pulverização agrícola?
O profissional responsável por determiná-los deve ser um dos legalmente habilitados para fazer a prescrição do produto e emitir o receituário agronômico: engenheiro agrônomo ou florestal e o técnico agrícola.
São eles:
- Dose: quantidade de ingrediente ativo (substância química principal de defensivos) que deve ser aplicada na lavoura. Geralmente, é medida em gramas ou litros por hectare.
- Volume de aplicação: quantidade de calda a ser aplicada na lavoura.
- Equipamento de aplicação: tipo de pulverizador será utilizado para a aplicação da calda.
- Cobertura: quantidade de gotas da calda que serão depositadas durante a pulverização. É definida de acordo com o tipo do produto e a própria arquitetura da planta.
- Tamanho das gotas: definidas de acordo com o modo de ação do defensivo (contato, ingestão, profundidade, fumigante ou sistêmico),condições climáticas no momento da aplicação e as próprias características da lavoura.
- Bicos de pulverização: utilizados em alguns tipos de pulverizadores, são escolhidos a partir da definição de qual deve ser o tamanho das gotas na pulverização.
- Pressão: nível da pressão a ser feita no pulverizador, que define a vazão e o tamanho da gota da calda.
- Deriva: quantidade do produto que não chega até o alvo, influenciada pelos fatores abióticos.
- Fatores abióticos: vento, temperatura, umidade e outros aspectos físico-químicos influenciam no sucesso da pulverização. Por isso, é importante estar atento em quais serão as condições do dia em que será feita a aplicação para, assim, regular o pulverizador de forma a reduzir a deriva.
- Época de aplicação: fase do desenvolvimento da cultura em que deve ser feita a pulverização agrícola.
- Modo de aplicação: se via aérea ou terrestre. É definido de acordo com a extensão e acesso à lavoura e conforme as próprias especificações do defensivo.
Quais são os tipos de pulverizadores agrícolas?
Podemos classificar os pulverizadores agrícolas de diferentes formas. Uma delas é pelo modo de funcionamento: se ele é manual, elétrico ou combustível (à gasolina).
Outro modo de diferenciar os pulverizadores agrícolas (e que é mais utilizado) é pela configuração do equipamento — ou seja, como ele realiza o tipo pulverização.
Segundo esse critério, existem os seguintes tipos de pulverizadores:
Pulverizador costal
O nome do pulverizador já demonstra como ele é utilizado: acoplado às costas do profissional que o manuseia!
Indicado para pequenas e médias lavouras, o tanque do equipamento é carregado por meio de alças, como se fosse uma mochila. Ele pode ser manual, elétrico ou à combustível. Há até mesmo versões 2 em 1, que possibilitam que o aplicador o use de duas formas (manual ou eletricamente).
Pistola pulverizadora de pressão
O pulverizador do tipo pistola de pressão funciona por meio do ar comprimido, que no momento em que é feito o gatilho da pistola é disparado, gera pressão no equipamento que esguicha o produto na lavoura.
As pistolas pulverizadoras de pressão podem ser elétricas ou manuais. Geralmente, a primeira opção é recomendada em cultivos com áreas maiores, pois não exigem movimentos repetitivos. A segunda opção, por sua vez, é indicada para lavouras menores, por necessitarem do esforço contínuo.
Pulverizador de barra
O pulverizador de barra é um equipamento que contém inúmeros bicos — ou pontas — de pulverização, que transformam a calda em pequenas gotas e as distribuem pela lavoura.
Geralmente utilizado em um trator, o pulverizador de barra é ideal para a aplicação de defensivo em grandes áreas e em um pequeno intervalo de tempo. Costuma ser muito comum no cultivo de cultivo de culturas como soja, milho e trigo.
Pulverizador autopropelido
O pulverizador autopropelido, também chamado de automotriz, é destinado para grandes áreas de cultivo. Com barras de tamanhos variados e tanques com grande capacidade de armazenamento, eles são geralmente utilizados em tratores.
O destaque dos pulverizadores autopropelidos são seu alto desempenho e precisão, resultado do nível avançado de tecnologia que é empregado (sensores, GPS e até mesmo, softwares especializados para ajustes).
Turbopulverizador
Nos turbopulverizadores, a aplicação dos defensivos é feita por meio de um ventilador axial. Acoplado em um trator, este tipo de pulverizador distribui as gotas nas lavouras em sentido perpendicular (em ângulo reto) ao deslocamento da máquina.
Como a aplicação dos produtos é feita com um porte alto, o turbopulverizador costuma ser utilizado em culturas com muita área foliar, como as de citros.
Pulverização aérea (drones, aviões e helicópteros)
Enquanto as outras opções são de pulverização terrestre, também existe a aplicação de defensivos pelo ar, com o uso de drones, aviões ou helicópteros.
Ideal para áreas de difícil acesso, a pulverização aérea é adotada em locais da lavoura que não possibilitem a entrada de máquinas ou, ainda, quando a cultura já está estabelecida e o deslocamento de tratores e profissionais pode acarretar em perdas por pisoteio ou amassamento.
Além disso, outra vantagem da pulverização aérea é que ela diminui a exposição do profissional aos produtos agroquímicos, o que traz mais segurança aos trabalhadores.
Das três opções disponíveis no mercado, o recomendado para lavouras com grandes áreas são os aviões. Rápidos, eles conseguem fazer a aplicação do defensivo de maneira uniforme na cultura. Além disso, das opções de pulverização aérea, é a que tem o maior tanque.
Os helicópteros já são menos velozes — no entanto, justamente por voarem mais baixo e lentamente, eles fazem uma pulverização mais próxima à lavoura e, consequentemente, mais precisa. Outra vantagem é que eles não dependem de pistas de pouso e decolagem como os aviões, algo que para as propriedades sem essa estrutura, gera um aumento considerável na perda e nos custos com combustível.
Precisa pulverizar áreas mais específicas? Então, opte pelos drones. Aeronaves remotamente pilotadas (RPA),os equipamentos realizam uma pulverização mais precisa e ágil. Por isso, o recomendado é utilizá-los em uma aplicação mais localizada, não na área total da sua lavoura. Assim, você utiliza das vantagens de uma tecnologia mais avançada apenas nos pontos essenciais.
Como escolher um pulverizador agrícola?
Com a constante evolução das tecnologias de aplicação dos defensivos, temos cada vez mais opções de pulverizadores agrícolas no mercado.
Com a variedade disponível, fazer a escolha do pulverizador pode ser um tanto complexa. Para te auxiliar nisso, separei alguns pontos importantes que devem ser avaliados na hora de fazer sua decisão.
Tipo de cultura
As características das plantas da cultura influenciam na escolha do pulverizador. Por exemplo, aquelas que ocupam longas extensões e têm plantas com altura menor funcionam vem com pulverizadores de barra. Já as que possuem desenvolvimento arbóreo dão certo com os turbopulverizadores.
Tamanho da área da lavoura
A pulverização agrícola em lavouras com áreas pequenas pode ser resolvida funcionamento com pulverizadores manuais e mais simples, como os os costais.
No caso de grandes áreas, dependendo do tipo e do acesso às culturas, o melhor é optar por pulverizadores automatizados, aplicados com tratores ou em aviação área.
Por exigirem um volume maior de produto para ser aplicado, em áreas com maiores extensão, também é importante considerar a própria capacidade do tanque do equipamento. Assim, não é necessário reabastecê-lo durante a pulverização ou, caso seja necessário, ela será feita menos vezes.
Receituário agronômico
Além disso, é preciso ter um objetivo claro para que a pulverização do defensivo seja feita. Isso vai ser definido, no caso da aplicação de defensivos, quando for feito o diagnóstico da lavoura e a prescrição do produto — a receita agronômica — por um profissional devidamente habilitado.
Feito isso, o responsável técnico irá preencher a parte de recomendações técnicas da receita agronômica com as orientações para a pulverização. Nesta seção, deve ser informado a dosagem, a modalidade de aplicação, o intervalo de segurança, a quantidade do produto a ser adquirida e o tamanho da área na qual ele será aplicado.
O profissional também deve especificar na receita agronômica a taxa de aplicação (volume de calda/hectare),equipamento, época e o modo de aplicação do produto. Caso sejam utilizados bicos na pulverização agrícola, também é preciso que seja identificado qual tipo será utilizado.
Investimento
Quanto mais automatizado e mais avançado for a tecnologia do pulverizador, mais caro ele será. Além disso, também é preciso considerar o valor a ser investido na compra dos produtos, nos equipamentos de proteção e na contratação de profissionais especializados para manusear as máquinas.
Por isso, é preciso avaliar bem o custo e benefício do modo de aplicação do produto. No caso das pulverizações aéreas, é importante lembrar que além da quantia de dinheiro a ser investida, pode ser necessário uma estrutura específica para tal (como no caso dos aviões, que como citei anteriormente, necessitam de pistas de pouso e decolagem na propriedade ou em um local próximo).
Conclusão
Viu só como os resultados da sua colheita estão ligados diretamente com uma boa pulverização agrícola?
Por isso, é importante contar com profissionais especializados, que podem lhe orientar no diagnóstico da lavoura e nas orientações técnicas da pulverização. Assim, você garante segurança na aplicação dos produtos e a certeza de que seu investimento irá valer a pena.
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