Colheita de soja: melhore seus resultados e confira dicas de armazenagem

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A expectativa para a colheita de soja em 2021 é de que o Brasil alcance o número recorde de 268,3 milhões de toneladas da leguminosa. Se mantendo assim como o maior produtor mundial do grão.

De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), essa quantidade será 4,2% maior que a da última safra. Mas, para que os produtores cumpram essa previsão, a etapa da colheita é determinante.

A safra 2020/21 foi plantada mais tarde que o normal e já começou a ser colhida em alguns estados. No geral, as lavouras entram nessa fase entre os meses de janeiro e abril, com escalonamento conforme cada cultivo.

Para iniciar o processo com as colheitadeiras, os produtores devem respeitar o tempo de maturação da lavoura. Além disso, o bom planejamento de todas as fases do processo – colheita, transporte, secagem e armazenamento – contribui para a lucratividade da safra.

Condições climáticas ideais para colheita

As condições climáticas precisam ser averiguadas pelo produtor em todas as etapas de plantio da soja. A temperatura média ideal para o desenvolvimento do grão fica em torno dos 30°C.

Outro fator primordial na hora da colheita de soja é a umidade, os grãos precisam estar com a taxa entre 13 a 15%. Caso isso não aconteça, os armazéns podem ofertar valores abaixo do esperado na hora da compra.

Clima na colheita de soja 2020/21

Por conta das condições climáticas, as áreas que foram plantadas entre o fim de outubro e início de novembro do ano passado são as com mais potencial de produtividade para a safra 2020/21.

A nível geral, as lavouras iniciadas em datas anteriores a essas podem ter sofrido perdas a cargo do clima seco do último semestre no Brasil. Porém, cada região do país possui suas especificidades.

As plantações que estavam em fase de florescimento e enchimento dos grãos nos meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021 podem ter sido beneficiadas pelo período chuvoso. Porém, ainda é cedo para afirmar como será a produtividade.

Vale lembrar qu as temperaturas altas precipitam a floração, aceleram a maturação e podem diminuir a qualidade das sementes. Já as temperaturas baixas, aliadas ao excesso de umidade, acabam por atrasar a colheita dos grãos.

Cada região vai lidar com as condições climáticas de maneira diferente. O centro-oeste e o sul do Brasil ficaram mais secos no início do período de plantio da soja, fazendo com que a maioria dos produtores aguardassem para iniciar a semeadura.

Colheita de soja nas regiões do Brasil

Há mais de 22 anos, o principal produto de exportação brasileiro é a soja. Em 2018, o país ultrapassou os EUA e se consolidou como o maior exportador da oleaginosa no mundo – tendo como principal comprador a China.

Como o território brasileiro é muito amplo, cada região do país possui suas características em relação às lavouras de soja.

O estado do Mato Grosso é o líder da produção nacional, totalizando 35,885 milhões de toneladas em 2019, segundo último levantamento da Conab.

Centro-Oeste

Na década de 70, com a mecanização da agricultura, o centro-oeste brasileiro passou a ser visto como uma opção produtiva para o plantio da soja. Até então acreditava-se que o cerrado teria um solo pobre para plantação, mas essa ideia foi mudada rapidamente.

Os três estados do centro-oeste estão entre os produtores de soja no Brasil. Mato Grosso – como citado anteriormente – é o maior produtor brasileiro, enquanto Goiás é o quarto e Mato Grosso do Sul é o quinto do ranking.

No Mato Grosso, alguns produtores arriscaram plantar a soja mais cedo e começaram a colheita no início de janeiro deste ano. Assim, eles conseguiram uma boa janela para o plantio do algodão de segunda safra.

Porém, a maioria dos produtores do estado esperou para iniciar suas plantações de soja. Isso se deu por conta da escassez de chuvas na região. Tradicionalmente, o Mato Grosso inicia a colheita de soja mais cedo que os demais estados, o que não aconteceu em 2021.

Em Goiás, a colheita de soja da safra 2020/21 começou na segunda quinzena de janeiro e deve ir até o final de fevereiro. Alguns produtores temem queda na produtividade por conta de fortes chuvas durante a etapa de desenvolvimento das lavouras.

Por conta da colheita tardia, os produtores do estado terão que cumprir um bom planejamento, já que o plantio de milho ocorrerá logo em seguida à colheita da soja.

Já no Mato Grosso do Sul, a previsão é que para a safra de soja deste ano 11,591 milhões de toneladas do grão sejam colhidos. Porém, assim como nos outros estados da região, a colheita de soja está em ritmo lento devido às chuvas.

Sul e Sudeste

Dos 12 estados produtores, 5 ficam nas regiões Sul e Sudeste: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Segundo o último relatório da Conab sobre a colheita de soja no Brasil, em 2021 São Paulo é o estado mais adiantado no processo.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, 11% da soja já havia sido colhida no estado de São Paulo no fim do mês de janeiro. Enquanto isso, Minas Gerais colheu apenas 2% das lavouras da leguminosa.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral) espera que sejam colhidos 20,3 milhões de toneladas de soja na safra 2020/21. Até o início de fevereiro, o estado – que é o segundo maior produtor do Brasil – tinha colhido 1% da safra.

Assim como nos outros estados da região, o Rio Grande do Sul adiou o plantio da soja devido ao período de estiagem. De acordo com a TF Agroeconômica, 70% das lavouras no estado estão em condição excelente e 30% em boas condições.

Norte e Nordeste

Os plantios de soja nas regiões Norte e Nordeste do Brasil se concentram na região do MATOPIBA. Essa área abrange quatro estados: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – e é considerada a grande fronteira agrícola do Brasil na atualidade.

De acordo com a AgRural, assim como no Rio Grande do Sul, a região do MATOPIBA espera que as chuvas de dezembro e janeiro garantam a melhoria de suas áreas plantadas. A previsão é que as chuvas na região diminuam.

No Tocantins, a previsão é de que 3,6 milhões de toneladas de soja sejam colhidas na safra 2020/21. A maioria dos produtores do estado relatou ganho na produtividade, porém cerca de 5% das lavouras sofreram com más condições climáticas.

Regulagem da máquinas para colheita de soja

Uma boa colheita de soja implica diretamente na produtividade da lavoura, portanto, a redução de perdas durante o processo é essencial para que os lucros sejam os melhores possíveis.

A maioria das perdas relacionadas com má regulagem das colheitadeiras ocorre nos mecanismos de corte e alimentação das máquinas.

Para saber se seu equipamento está funcionando da melhor maneira, os produtores devem prestar atenção ao molinete.

Se a velocidade do molinete estiver muito alta, poderão ocorrer muitos impactos sobre a lavoura. Com isso, as vagens podem acabar caindo no terreno, fazendo com que grãos sejam perdidos.

A velocidade ideal do molinete deve ser entre 15% e 20% superior a do deslocamento da máquina agrícola.

Além disso, o produtor deve se atentar à condição de corte das navalhas e contra navalhas da colheitadeira para que o processo seja o mais vantajoso possível.

Para uma boa colheita de soja é necessário fazer uma revisão nas colheitadeiras e trocar as peças que estejam em más condições.

Esse processo deve ser feito sem pressa, pois as máquinas necessitam de um tempo para se adequarem ao corte e às trilhas da plantação.

Escoamento dos grãos

Após a colheita de soja, um bom escoamento dos grãos é essencial para a lucratividade do produtor. Por isso, essa é outra etapa que merece atenção, planejamento e investimento.

Segundo a Embrapa, as deficiências de logística no Brasil são a maior causa de perdas na produção de soja do país. A dificuldade de armazenamento dos grãos é outro fator que afeta diretamente a lucratividade dos produtores.

Transporte da safra

O transporte majoritário no agronegócio brasileiro é o rodoviário, que condiz a 67% do total. Comparado aos outros dois maiores produtores de soja do mundo (EUA e Argentina),o Brasil possui um gasto 83% maior em transporte do que seus concorrentes.

A capacidade baixa de escoamento dos portos brasileiros também é outro fator que contribui com a perda dos grãos. Distâncias longas entre os produtores e os armazéns ainda são fatores que prejudicam a lucratividade de fazendas mais afastadas.

Para proteger os grãos das más condições climáticas, antes do carregamento da soja é necessário que as carrocerias dos caminhões sejam bem cobertas. Evitando também que os grãos caiam durante o trajeto.

Em fevereiro de 2021, os produtores ainda precisam se preocupar com as fortes chuvas que podem dificultar o transporte da colheita de soja. Com o grande volume de precipitações, o acesso às lavouras fica mais difícil.

Além disso, a secagem de grãos e o escoamento nos portos ficam paralisados durante condições climáticas adversas. A grande demanda por caminhões também afetará os preços do frete, que devem ficar ainda mais altos na segunda quinzena de fevereiro.

Pós-colheita de soja: armazenamento

A armazenagem da colheita de soja deve ser feita respeitando boas práticas para garantir que as perdas sejam diminuídas às menores possíveis durante essa etapa.

O produtor deve dar atenção especial a umidade, temperatura e ao teor de impurezas antes de estocar seus grãos em um armazém.

É indicado que amostras de cada lote da safra sejam coletadas, pois elas é que vão indicar esses fatores.

Uma colheita de soja feita com os grãos na umidade ideal é fundamental para a garantia de uma boa armazenagem. Após a colheita, os grãos já começam a deteriorar e para que isso seja evitado os produtores devem se atentar a etapa de secagem da leguminosa.

Secagem e grãos ardidos

Na secagem, os grãos devem alcançar taxa de umidade de 13%. Com isso, a taxa respiratória fica baixa e o processo de deterioração é retardado. É nessa parte que os grãos “ardidos” são identificados no meio da safra.

Os grãos “ardidos” da soja são aqueles que receberam muita chuva e se encontram em um processo de fermentação.

Grãos mofados e queimados também são considerados com defeitos graves, mas mesmo assim são comercializados em um valor mais baixo.

A taxa de tolerância nos lotes de soja aceita pelos armazéns é de 8% para grãos ardidos, mofados ou queimados e de 1% para impurezas (galhos, pedras, isentos, etc.). Além disso, são aceitos que até 8% do lote seja de grãos esverdeados.

Estruturas de armazenamento

Quando o produtor opta por armazenamentos prolongados, diversos fatores precisam ser avaliados para garantir o melhor custo-benefício e a qualidade dos grãos.

Além dos cuidados durante a colheita, a limpeza e a secagem, é preciso que seja feito um combate a insetos e uma prevenção de fungos.

Durante longos períodos de armazenagem, podem ocorrer transformações e deteriorações nos grãos devido a fenômenos físicos, químicos e biológicos.

Hoje, diferentes tipos de de armazenamento estão disponíveis para o produtor. Como os silos metálicos e de concreto, armazém graneleiro e silos bag (que são temporários).

Cada produtor deve avaliar individualmente o que é melhor para sua safra, baseado no tempo de armazenagem e nos riscos que seu produto corre ficando ali.

Conclusão

O êxito de uma boa colheita de soja depende de diversos fatores: climáticos, manutenção de maquinários, transporte, armazenamento e outros. Mas, em todos os casos é primordial que o produtor rural sempre busque pela boa supervisão de suas lavouras e pelo planejamento.

Para alcançar uma boa produtividade e, em consequência disso, uma boa lucratividade, informações de qualidade são um poderoso instrumento para o crescimento próspero das fazendas e empresas rurais.

Por isso, aproveite os conteúdos completos do Blog Siagri e fique sempre atualizado às novidades do mercado disponíveis para produtores rurais.

Publicado por:
Arquiteto de soluções na Siagri com mais de 9 anos de experiência no agronegócio. Especialista em Ciências Contábeis e Sistemas ERPs.